"E o SENHOR falou a Moisés dizendo:Toma
a vara, e ajunta a congregação, tu e Arão, teu irmão, e falai à rocha, perante
os seus olhos, e dará a sua água; assim lhes tirarás água da rocha, e darás a
beber à congregação e aos seus animais.Então Moisés tomou a vara de diante do
SENHOR, como lhe tinha ordenado.E Moisés e Arão reuniram a congregação diante
da rocha, e Moisés disse-lhes: Ouvi agora, rebeldes, porventura tiraremos água
desta rocha para vós?Então Moisés levantou a sua mão, e feriu a rocha duas
vezes com a sua vara, e saiu muita água; e bebeu a congregação e os seus
animais.E o SENHOR disse a Moisés e a Arão: Porquanto não crestes em mim, para
me santificardes diante dos filhos de Israel, por isso não introduzireis esta
congregação na terra que lhes tenho dado." Números 20:7-12
Moisés já havia passado por muitas coisas na
sua vida. Teve sua vida poupada logo no seu nascimento (Ex. 2); foi criado como
príncipe, mas rejeitou viver como tal (Heb 11:24); no seu ímpeto de juventude
matou um homem egípcio (Ex. 2:12) pelo que teve que fugir e pastorear ovelhas
no deserto por quarenta anos (Deus o estava preparando para algo maior); até
que um dia, teve um encontro com Deus na experiência da sarça que se queimava,
mas não se consumia. Mesmo com suas limitações, Deus o levanta para ser o
libertador de Israel, da escravidão que já durava 430 anos. Depois dos 40 anos
no deserto como pastor de ovelhas, sua impetuosidade, própria da juventude,
havia se transformado em mansidão (Num 12:3), necessária para cumprir tão árdua
tarefa por mais longos 40 anos, agora não mais lidando com ovelhas, mas com
gente, e gente de todos os tipos (murmuradores, incrédulos, rebeldes, ingratos,
etc.), mas também com pessoas crédulas e firmes como Josué e Calebe.
Moisés teve a coragem de interceder pelo povo
de Israel quando este, ao fazer um bezerro de ouro para adorá-lo, acendeu a ira
de Deus para destruição. E essa coragem o levou a fazer uma oração que, duvido,
algum de nós teria a coragem de fazer:
“Agora, pois, perdoa o seu pecado, se não,
risca-me, peço-te, do teu livro, que tens escrito.” Êxodo 32:32
Esse mesmo homem de caráter tão nobre, tão
experimentado, tão manso, que recebeu das mãos do próprio Deus as tábuas com os
dez mandamentos – depois de tanta caminhada, de tantas coisas ao longo daqueles
40 anos, quando faltava tão pouco para ele entrar na terra prometida, quando
estava tão perto – por conta de mais uma murmuração do povo (Num 20:1-3), perde
a paciência, e no lugar de simplesmente falar à rocha, como Deus ordenou (v.
8), ele a fere (v. 11).
Com isto, Moisés não perdeu a sua salvação,
Deus não riscou o seu nome do Seu Livro, mas foi impedido de entrar em Canaã; viu,
porém não pisou na terra.
O que podemos tirar como lição desta história
para nós? Muita coisa!
Nascemos e vivemos por permissão de Deus,
temos momentos em que vivemos como príncipes e princesas, quando tudo dá certo,
estamos no nosso conforto e achamos que jamais sairemos de lá; às vezes achamos
que podemos resolver todos os problemas do mundo, mas às vezes mal conseguimos
resolver os nossos. Então Deus nos faz muitas vezes atravessar desertos para
ensinar o nosso coração, para forjar o nosso caráter, para mudar a nossa visão.
Então, no deserto temos experiências profundas com Deus: o conhecemos, ouvimos
sua voz, recebemos uma missão, a aceitamos com temor, aprendemos a ter
intimidade com o Pai, passamos por inúmeras situações e vencemos. No entanto, chega
uma hora em que a paciência acaba, em que atingimos nossos limites (que Deus
conhece muito bem), e aí a nossa velha natureza vem à tona, e achamos que
iremos resolver as coisas do nosso jeito, pela força, na marra, e não pelo
Espírito de Deus.
“E respondeu-me, dizendo: Esta é a palavra do
SENHOR a Zorobabel, dizendo: Não por força nem por violência, mas sim pelo meu
Espírito, diz o SENHOR dos Exércitos.” Zacarias 4:6
Não adianta bater na rocha, feri-la... Não é
assim que a coisa funciona, porque, mesmo que as águas brotem, isso não será
bom, e pode nos custar caro.
Quem é a nossa rocha?
“Porque tu és a minha rocha e a minha
fortaleza; assim, por amor do teu nome, guia-me e encaminha-me.” Salmos 31:3
Deus é a nossa Rocha! Aleluia!
Fala a Ele o nome do teu problema; fala a Ele
o quanto o sol tem te castigado neste deserto; fala a Ele o quanto as
murmurações ao teu redor têm te incomodado; fala a Ele o quanto você está
cansado; fala a Ele que você anseia pela tua ‘terra prometida’, mas não se
esqueça: se Ele te conduziu até aqui, Ele te sustentará até o Dia de Cristo.
“E naquele dia nada me perguntareis. Na
verdade, na verdade vos digo que tudo quanto pedirdes a meu Pai, em meu nome,
ele vo-lo há de dar.” João 16:23
Fala à Rocha! Pede! Ele te ouvirá! A água
sairá para que você seja aliviado! O deserto nada mais é do que uma fase, não
um lugar permanente.
Canaã fica logo ali...
"Quem crê em mim, como diz a Escritura,
rios de água viva correrão do seu ventre." João 7:38