sexta-feira, 5 de setembro de 2014

A Igreja Imperial - de 313 a 476 AD

A Igreja Primitiva teve de enfrentar duros ataques, tanto no âmbito externo como no interno. O Império Romano, por quase três séculos, perseguiu, desapropriou, torturou e matou a milhares de cristãos que não negaram a sua fé. Tudo, porém, começou a mudar com um sonho que o Imperador Constantino teve com um símbolo, conhecido como Labarum, e uma voz que dizia: “Sob este símbolo, vencerás”. Constantino venceu sua batalha, consolidou seu governo e adotou o Cristianismo como sua religião. Mais que a liberdade religiosa concedida pelo Édito de Milão em 313 AD, a Igreja conseguiu o favor do Imperador. Era o fim das perseguições. A Igreja agora podia, enfim, ter um bálsamo depois de tantas lutas e dores.

Um novo quadro, então, começa a se desenhar no mundo do quarto século, não apenas para a Igreja, mas para as civilizações da época como um todo. Ao mesmo tempo que a Igreja pôde gozar de novos benefícios que antes sequer podia imaginar, como a construção de templos, por exemplo, novos problemas surgiram resultantes da frouxidão espiritual advinda da comodidade de representar a religião oficial do Império já no século IV.

O sincretismo começou a aparecer na igreja com a mistura de elementos pagãos como a veneração de imagens nos templos e festas pagãs com algumas “adaptações”. A igreja crescia em poder e riquezas, mas decaía de seu fervor espiritual existente na Igreja Primitiva. “Conversões” forçadas contribuíram para inchar a igreja e aumentar o sincretismo. Oportunistas também surgiram, querendo aproveitar-se das benesses do Estado e assim usufruírem tanto do status político e social como do econômico.

Por outro lado, a Igreja pôde desenvolver sua Teologia com a definição de seus credos, cuja necessidade surgiu a partir das diversas controvérsias, principalmente, acerca de questões cristológicas e trinitárias. Ocorreram os primeiros concílios ecumênicos para tratar dessas e outras questões. Figuras como Atanásio, João Crisóstomo, Jerônimo e Agostinho de Hipona, dentre outros, destacaram-se nessa época.

Nesse período, começou a ganhar proeminência a figura do bispo de Roma. Sob o argumento de que a igreja em Roma fora fundada por Pedro e Paulo, além da importância da cidade como capital do Império ocidental, o bispo de Roma começou a ser chamado de papa. Seria o início do estabelecimento do papa como líder da Igreja Católica.

Ao final desse período (313 AD – 476 AD), a Igreja estava completamente transformada: de perseguida agora gozava do apoio estatal; de pobre agora começava a acumular riquezas; a teologia começava a tomar forma com o fechamento do Cânon do Novo Testamento, da definição dos credos e dos escritos de vários autores importantes como Agostinho. Porém o fervor espiritual da Igreja Primitiva fora deixado para trás. Sincretismo religioso, mistura entre religião e política, dentre outros, foram um preço bastante alto que a Igreja acabou pagando. De perseguida, agora a Igreja era senhora. E isso, ao longo da Idade Média, trouxe inúmeros problemas e desvios doutrinários e morais, que só seriam corrigidos, ou melhor, confrontados, com a Reforma Protestante no século XVI.

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